A origem de "Shinato"

A bariga da minha mãe (now the world don't move...)



O "zé comédia" aspirante a escritor voltou...


Como eu disse no meu post de apresentação, Shinato, obviamente, não é meu nome. Na verdade, sequer é um dos mais de 1.500 apelidos que eu recebi na minha vida. A verdade, é que Shinato foi uma escolha única e exclusiva para se tornar minha identidade como autor, escondendo meu RG e minha cara linda de bonita. Mas, isso também não foi exatamente uma escolha aleatória. Não foi algo que eu vi enquanto passeava em algum site patrocinado pela Brazino na internet, tampouco por ser minha carta favorita em YuGiOh, pois nem mesmo era (embora, sim, fosse uma delas). A verdade, é que essa foi uma história pra lá de tosca que aconteceu comigo, lá no começo da minha adolescência (oh, saudade).

Tudo começou em um dia aleatório no qual fui a Porto Alegre. Como toda boa criança criada no interior que, do nada, vai parar em uma realidade diferente da que conhece, fui direto até as vitrines das lojas de artigos infantis. Na época, ainda sofria da febre das cartas de YuGiOh. E sim, eu fui uma das pessoas que estipulou um preço pela cabeça do Gilberto Barros por causa das famigeradas matérias do "baralho do demônio". Graças a Deus, nada aconteceu com ele porque eu não tinha dinheiro para pagar. De repente, me deparo com uma banca que vendia um deck especial de fusões e rituais. Perguntei para o meu pai se ele tinha como comprar. Para minha alegria, a resposta foi positiva (advinha se as cartas eram originais?). Corri para o apartamento da minha tia, que era o destino daquela viagem, ansioso para ver as cartas que vinham, já que, por alguma razão que eu não lembro, mas sei que era assim, as cartas "ritual" eram minhas favoritas. Lembro de várias que eu amava e, inclusive, algumas estavam neste deck, como Hungry Burger, Performance of Sword, Black Luster Soldier (que era uma das minhas favoritas), Relinquished (ou, a abdicação), Magician of Black Chaos, etc...

Entre elas, estava uma que eu não conhecia, chamada Shinato, King of a Higher Plan. A invocação dele, Shinato's Ark, também veio no baralho. A carta era uma apelação quase inaceitável, porque além de ter ATK/DEF 3300/3000, ainda tinha o efeito de descontar os pontos de vida do oponente após atacar e destruir um monstro adversário, mesmo que este estivesse em modo de defesa. Ou seja, o único jeito de mandar ele para o cemitério era tendo um monstro mais forte, ou com uma armadilha eficiente. Nem preciso dizer que eu arrebentei alguns amigos meus usando essa carta. E sim, os decks deles eram tão falsos quanto os meus e aquela sua vizinha fofoqueira (espero não ter sido específico). Para complementar, neste mesmo deck veio uma carta que eu não lembro exatamente qual era. Tudo que eu tenho na memória, é que se tratava de outra carta ritual, também era bem forte, apesar de eu não lembrar se possuía algum efeito (ainda mais um tão OP), e que tinha Master no nome.

Mas, a verdadeira história começa quando eu voltei para a minha "roça" e mostrei as cartas para alguns amigos. Entre eles, um primo meu, que por sinal, atualmente, também é escritor. Até aí, tudo bem. Algum tempo depois, eu estava de boas, na minha humilde residência, fazendo exatamente o que se tinha para fazer por lá naquele tempo, que se tratava de uma atividade chamada ócio, quando minha mãe me chamou, dizendo que esse meu primo queria falar comigo no telefone. Não recordo de todos os detalhes da conversa, a não ser uma única frase, que era tudo o que um jovem da minha idade queria ouvir:

– ... vem aqui em casa. Achei um jeito de ganhar dinheiro!

Acho que eu fui tão rápido que ele nem tinha terminado de falar, quando eu bati na porta dele. Tá, a casa dele não era tão perto assim, mas só lembro de ter ido a algum lugar tão rápido quando fiquei em primeiro na tomada de tempo do kart pela primeira vez. Quando ele explicou o plano, sinceramente... olhando com os olhos de hoje, não sei como meu réu primário ainda tá intacto. Acho que só porque era menor de idade.

O plano dele era vender os carrinhos da minha coleção de Hot Wheels por uma plataforma de vendas on-line que não vou divulgar o nome sem um patrocínio, mas que já era a mais popular naquele tempo e hoje investe na carreira de um piloto de Fórmula 1 cujo sobrenome faz a alegria da quinta série. Por um lado, até não digo que ele estava errado, porque eu não tinha uma prateleira e enfiava os carrinhos em uma caixa de sapato, o que não era o tratamento adequado para algo que eu tanto gosto. Hoje, por exemplo, já tenho minha prateleirinha muito bem organizada e limpa periodicamente. O que me fez perder as palavras, foi o fato de que o safado já tinha até a conta pronta, só esperando minha autorização para anunciar. O nome da conta? "Shinato Master":

– Shinato Master?

– Sim! Por causa daquela tua carta, sabe?

– Mas (nome)... Shinato é uma carta e Master é outra!

– É? Tem certeza?

O jumento querido nem lembrava que eram duas cartas diferentes e misturou tudo pra fazer a tramoia dele. Pelo menos a proposta foi honesta. A gente ia vender os carrinhos por um preço mais alto do que eu comprei, sendo que ele ia ficar só com a diferença pelo intermédio, que era menor que o valor total que sobraria para mim. Acabou que isso foi a única coisa que deu certo.

No fim das contas, colocamos só dois anúncios, sendo que vendemos somente um. Não bastasse o fracasso da operação, a épica conta "Shinato Master" foi encerrada após a primeira venda, depois de ser bombardeada de qualificações negativas do único comprador que teve, já que meu "agente de negociações" colocou como foto do anúncio uma que ele achou na internet, ao invés de tirar uma foto do carrinho, além de não especificar na descrição que o produto estava um pouco avariado por ter sido guardado naquela caixa sem qualquer cuidado.

Depois disso, a história surgiu algumas poucas vezes nos nossos encontros posteriores. Eu mesmo quase tinha esquecido disso, até começar a planejar o lançamento do meu primeiro e-book, Luz da lua cheia (um márquitin nunca é demais). Já tinha a intenção de lançar o trabalho sob um pseudônimo, mas ainda tentava achar um que eu gostasse. Foi então que lembrei dessa curiosa saga. Consultei minha esposa como todo bom pau-mandado e contei a história. E bom... se ela disse que estava tudo certo, então... tudo certo.

Hoje estou aqui, escondendo meu rosto enquanto tento mexer com a imaginação das pessoas através dos meus trabalhos. Aliás, se chegou até aqui, não vou perder a chance de dar uma mendigada e pedir para dar uma chance para o meu trabalho (link no parágrafo anterior, não custa lembrar).

Obrigado pela paciência e até semana que vem!

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Hikari Nakata