Esse é um processo fundamental na escrita, vai por mim
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| Se engana quem pensa que magia espiritual é a coisa favorita dela |
Oie! Vai só assim mesmo, dessa vez. Simples e funcional
Tenho visto em alguns blogs que sigo, diferentes artigos
sobre dicas de escrita. Acho legal que haja tantos escritores, independente da
“quilometragem” de sua experiência, com disposição para ajudar quem quer entrar
no mundo da escrita. Todos esses artigos são válidos, pois sempre vão ao
encontro de alguém que se identifica com o tipo de escrita de quem está dando
as dicas. Claro que eles não são uma verdade universal, pois dependem de alguns
fatores, como o gênero da história que será contada, o estilo de escrita que
mencionei antes, a idade e o tipo de público que se tenta atingir, etc... Não
vejo, por exemplo, como aplicar uma narrativa de um livro romântico em um conto
de suspense a não ser que você escreva uma novela mexicana. Ainda assim,
são úteis como objeto de estudo. É sempre interessante entender como funcionam
outras mentes criadoras de universos, pois suas obras refletem perfeitamente
seus gostos, e consequentemente, irão atingir leitores com gostos semelhantes.
Pois bem... decidi entrar nesse mundo do “altruísmo
literário” e também dar a minha visão sobre o que faz uma boa escrita. Ainda
não sei quando, ou se, vou escrever algum artigo parecido com este no futuro.
Nunca fui muito bom em ensinar, ou em descrições técnicas (com exceção do campo
fictício, óbvio). Por isso, vou me resumir ao artigo de hoje, nesse momento, já
que se trata de uma ideia que tenho na cabeça na unha do dedão não poderia ser há
um tempo e de uma opinião formada que tenho como fundamento: os personagens
de uma história.
Na minha humilde opinião, os personagens são o coração de
uma obra. Até porque, não existe história sem personagens. São suas ações,
rotinas, personalidades e escolhas que movem o enredo. E é justamente isso que,
por muitas vezes, dita a coerência de uma trama. Concordemos que é um pouco
estranho quando um acontecimento no final de uma história acaba mudado por uma
atitude de uma personagem, cujas características de seu modus operandi não sejam condizentes com sua atitude, sem que a
narrativa tenha deixado alguma pista sobre essa possibilidade, como um antagonista que passa a obra inteira fazendo maldades, mas no último capítulo salva o protagonista, porque... bom, porque eu quero! Não parece esquisito? Obviamente, os
personagens também podem sofrer mudanças em suas personalidades ao longo da
obra. Porém, estas mudanças sempre vão estar relacionadas a eventos ocorridos
ao longo do conto, o que tornará mais crível sua mudança por se tratar de algo
que o leitor está acompanhando. Claro que isso também depende muito da
narrativa. Vamos usar de exemplo uma história hipotética, cujo tema central
seja a investigação de um assassinato. Como a história praticamente inicia sua
trama com esse mistério, evidentemente todos os personagens mostrados serão
suspeitos. Mas, quando o assassino for pego lá no final da saga, haverá uma
expectativa para saber suas motivações. Vai ser um tanto estranho, caso a
justificativa para tal ato seja algo do tipo “porque sim”. Entendo que há
caracterizações que tornam o enredo mais interessante ao tomar uma atitude pela
qual nem o leitor, nem os outros personagens, esperariam que viesse dele.
Contudo, deve haver uma construção cautelosa em torno do acontecimento e do
personagem, para que a passagem não acabe ficando com um sentimento de que
“aconteceu porque precisava acontecer”. Claro que, muitas vezes, esse
sentimento também varia de acordo com quem está lendo, já admitindo que
determinados indivíduos podem ter essa mesma sensação ao ler “Luz da lua cheia”. Afinal, é a primeira obra que escrevi e possui um material bem extenso.
Não estou livre de cometer erros, tampouco posso dizer aos leitores como eles
devem ler a minha história. Até porque, a diversão de ter alguém acompanhando
seu trabalho, é justamente analisar os diferentes pontos de vista do público.
Enfim, penso que é muito mais fácil desenvolver uma história
quando se tem profundo conhecimento sobre o personagem criado. Aliás, vejo como
o caminho mais fácil criar o enredo sobre a personalidade daqueles que compõem
o elenco (posso estar errado, mas a maioria vê o caminho inverso como o mais
simples. Pelo menos em relação aos que conheço). Pois há uma pergunta que todo
autor deve fazer. Um questionamento extremamente funcional, por mais clichê que
seja: “o que tal personagem faria em uma situação como essa?”. Pode parecer
algo extremamente batido, mas acredite, é fundamental para manter a coerência
de uma narrativa.
Vamos pegar outra história hipotética como exemplo, que possui uma protagonista nos mesmos moldes da Hikari (Luz da lua cheia). Estudante, adolescente, vida comum, personalidade pacífica, amigável e com a característica imaturidade de sua faixa etária, que, por mais que a personagem possua uma atitude e uma linha de pensamento madura, ainda existe em vários aspectos, levando em consideração sua faixa etária. Digamos que ela descubra poderes especiais e os use para combater vilões humanos. Pouco depois, ainda no início da obra, ela tenha o seu primeiro confronto com um antagonista e, após uma árdua luta, ela acaba tirando a vida do inimigo. Há todos aqueles méritos envolvidos: ela lutou para proteger um bem maior, e, consequentemente, para proteger a si mesma, significando que a morte do adversário foi consequência. Ou seja: segue o jogo, vida que segue, vamos em frente... Não sei vocês, mas, pelo menos pra mim, fica uma sensação extremamente esquisita que um adolescente de 15 anos, de índole naturalmente boa e princípios ditos corretos de acordo com o senso comum, tenha matado uma pessoa e agido como se não fosse nada, seguindo na saga sem aparentar nenhuma mudança, nem refletir sobre o ato. Sim, sabemos que, de acordo com a narrativa, o evento ocorreu pelo chamado “bem-maior”. Ainda assim, mesmo para uma saga fantasiosa, vejo como algo pouco realista não haver qualquer mudança em uma personagem com este arquétipo, após um evento que, comumente, deveria ser tão marcante. Em “Luz da lua cheia” – sem me estender, para não dar nenhum spoiler – as personagens são sim, em sua maioria, bastante jovens e treinam para combater inimigos. Porém, tais inimigos não são seres humanos e suas existências são nocivas aos civis. Para ser sincero, não consigo ver a Hikari matando uma pessoa, mesmo que em legítima defesa, sem, pelo menos, ficar traumatizada.
É isso que quero dizer, quando falo sobre “conhecer seu personagem”.
Não apenas o protagonista, mas todos aqueles que, de alguma forma, contribuem
para o andar do enredo, mantendo a coerência e a solidez de uma narrativa. Sem
contar as utilidades que uma personagem bem detalhada pode ter para um
universo. Caso queira inserir cenas do cotidiano que possam enriquecer a
narrativa, escrever algum especial ou bônus de sua história, inserir flashbacks explicando como alguma marca
pessoal – física ou de personalidade – foi adquirida, ou até lançar um spin-off/rota alternativa com uma
personagem secundária que você gosta. Todas essas opções tornam um universo
fictício ainda mais interessante e amável. Mas, para isso, é importante que o
autor literalmente tenha um relacionamento íntimo (sem pensamentos do tipo "¬¬", pessoal!) com a personagem. Quando
menciono isso – sem dar espaço para o duplo sentido agora que eu mesmo já
fiz – falo sobre conhecer profundamente todas as características que a
compõem. Deixo aqui os links dos os artigos sobre minhas personagens Hikari e
Karin. Nele, podem ver que, logo abaixo das fotos delas, há uma pequena seção
onde se encontram algumas informações de suas caracterizações, e ao fim do
artigo, há uma seção de curiosidades sobre elas. Sei que algumas coisas podem
não parecer, mas todas essas informações são essenciais para o desenvolvimento
de uma personagem. E o que está nos artigos é apenas o básico. Na ficha que fiz
para cada um deles no meu celular, há uma infinidade de informações, que vão
desde suas comidas favoritas até gostos pessoais e outras informações não
mencionadas na série, sem utilidade narrativa, mas que tornam a personagem mais
humana e acessível ao leitor, já que tais características fazem parte de sua
composição, o que a aproxima do público e aumenta as chances de alguém se
identificar com ela. Em resumo: detalhes que fazem a diferença sem ser
narrados, pois evita que todas as personagens sejam “clones” umas das outras.
Isso, sem contar o que não sai da cabeça do autor. Já imaginei todo tipo de
situação com as personagens. Todas mesmo! Desde o que fazem em casa, passando
por uma ida ao mercado, até como agiam quando saíam de suas rotinas.
Portanto, meu conselho para quem está começando a escrever
é: faça “amizade” com seus personagens. Saiba tudo sobre eles. Crie fichas
técnicas especificando todas as suas características, sejam físicas ou
psicológicas. Imagine como elas agiriam em cada situação possível. Compare elas
com você mesmo – isso também é bastante útil para criar indivíduos diferentes
entre si - sempre levando em consideração que nem tudo possui apenas duas opções. Acrescente detalhes sobre elas que nem mesmo irão aparecer na
história, mas que te farão entender sobre suas personalidades e gostos, o que,
possivelmente, será útil na hora de imaginá-la em alguma situação da narrativa. Se necessário, crie uma backstory para explicar o porquê de tal personagem possuir uma linha de pensamento característica.
Vou deixar o link de um site chamado "Story Plotter". Esse site é extremamente útil para quem está desenvolvendo uma história. Ele possui diversos ficheiros onde você pode armazenar as informações já planejadas para a série, sendo que grande parte possui perguntas "técnicas" para te fazer imaginar os pormenores do enredo, além de poder ajudar a imaginar algo que possa "dar liga" ao conto, aprofundando o desenvolvimento. Há também uma seção inteiramente dedicada à criação de ficheiros de personagens. O ficheiro já vem pré-pronto, possuindo perguntas específicas sobre a personagem, as quais você dificilmente pode ter imaginado. Mas, se desejar, você também pode editar a ficha, para armazenar os dados que deseja. Há uma versão deste site em aplicativo, para Android e Mac. Recomendo para quem quer armazenar o máximo de informações de seus enredos. Principalmente na parte do foco deste artigo.
Lembre-se: você é o único capaz de dar vida e compreensão ao
seu universo e aos que nele habitam.

Show! Criar os personagens é uma das partes mais divertidas de escrever! Gosto muito de colocar um pouco de mim ou das pessoas que estão ao meu redor a personalidade de cada um, isso dá uma humanizada melhor nos personagens. Acho que é muito importante dar várias nuances de personalidade para eles, afinal, nós humanos, nunca somos só uma coisa, então é legal que nossos personagens tbm estejam nesse nível. Quanto mais personagens tiver no seu livro, mais difícil vai ficar moldar isso pra todos eles, é natural que alguns fiquem menos desenvolvidos, mas acho importante, no mínimo, dar uma voz única e diferente pra cada um deles, mesmo que sem uma história profunda por trás, pq se não, haja livro pra escrever né kkk Enfim, acho que já escrevi demais, valeu Shinato!
ResponderExcluirOpa! Concordo em tudo! Meu universo tem uma diversidade enorme de personagens e foi bem difícil achar pelo menos uma característica que pudesse diferenciar cada um deles. Mas, nada que não se resolva com uma boa pesquisa de campo rs. Fica à vontade pra escrever o quanto e quando quiser, aqui! Valeu...
ExcluirOlá Shinato 👋🏽 Esse post fala tudo, criar personagens é difícil e muito divertido ao mesmo tempo 😁 E sim, caracteriza-los individualmente é muito importante. Não adianta ter um grupo de amigos onde um fala igual o outro, com a mesma personalidade, precisa ser diferente, algo precisa se destacar e dar identidade ao personagem, e é claro, como disse o Lucas, sempre colocamos algo de nós mesmos ou do nosso meio de convivência kkk é inevitável 😂 Ótimo post e sucesso 🙏🏽
ResponderExcluirOi de novo, Aline XD! Pra mim não existe história mais satisfatória do que alguma que tenha uma diversidade de personagens que possuem personalidades diferentes de forma natural. E olha q eu sou fã daquele filme do Star Wars "O Ataque dos Clones" rs. Mas lá isso funciona kkkkk Pelo menos eu tenho uma família bem (doida) animada. Aí fica fácil tirar inspiração. Obrigado de novo pela presença por essas terras xp. Sucesso pra todos nós!
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